Thursday, August 7, 2008

Em cada esquina há um amigo

Caros amigos,
A primeira e única vez que aqui escrevi sobre o que estava a acontecer n'«O Primeiro de Janeiro» foi exactamente há uma semana. Um dia em que imaginava "apenas" a extinção do título e em que, apesar da brutalidade e da sacanagem do que já havia sido feito, estava longe de prever, como todos vocês, certamente, os contornos de todo este inqualificável golpe.
Ainda me custa acreditar nisto tudo. No desplante, na crueldade, no baixo nível, para dizer pouco, destas pessoas (?) que durante anos ostentaram um título nobre da cidade para, no final de contas, apenas o destruírem, enxovalharem e, mais importante, espezinharem toda uma equipa constituída por jornalistas que dedicaram, tal como eu, os melhores anos das suas vidas a tentar levantar e devolver o prestígio a «O Primeiro de Janeiro».
Ainda me custa acreditar nisto tudo. Continuo a afirmar que nem na pior das teorias da conspiração alguém poderia ter imaginado um golpe como este. Mas o que é mesmo irreal é este criminoso continuar a fazer truques, a recorrer a hábeis artimanhas, a prevaricar, a cometer variadíssimas e consecutivas ilegalidades... E continua à solta, impune, livremente aparecendo em cerimónias públicas! E provavelmente continuará a receber verbas do Estado e apertos de mão de governantes que não mexem um dedo contra um indivíduo que TODA a gente sabe que é um crápula, mas, sobretudo, um criminoso! Continuará a ser elogiado por governantes que nada fazem perante a aflitiva situação de mais de 30 pessoas que nada mais fizeram do que cumprir com honestidade, brio e profissionalismo anos e anos de trabalho!
Isto, para só falar dele. Isto, deixando de parte uma directora que pura e simplesmente virou costas a um grupo de trabalho em quem, alegadamente, confiou ao longo de oito anos, um grupo de trabalho que nunca, apesar das condições, se furtou ao cumprimento das suas funções, jamais a deixou ficar mal. Onde está a dignidade? Onde está a lealdade?
Só há uma palavra para estas duas pessoas: VERGONHA.
Quanto a vocês, meus caros amigos, mais uma vez apenas provaram aquilo que eu já há muito sabia: a vossa força é única, insubstituível. Durante esta semana, conseguiram manter-se de PÉ – aqueles que não tiveram vergonha, ou medo, de mostrar a cara. Conseguiram que todos falassem de «O Primeiro de Janeiro» e essa poderá ser a única forma de alguém fazer alguma coisa perante toda esta lamentável situação.
Continuem activos, continuem a LUTA, não esmoreçam, por favor, não baixem os braços. Mostrem a estes crápulas que pessoas como vocês têm de ser tratadas com respeito e que os criminosos têm de ser punidos pelas ilegalidades que cometem.
Vocês sabem que tenho estado sempre bem perto, e que farei sempre tudo o que estiver ao meu alcance para vos ajudar. Não se esqueçam: em cada esquina há um amigo. Aproveitem-no(s).

3 comments:

Carla Teixeira said...

Se a força do teu carácter pudesse ser dividida de forma equitativa por todos os que orquestraram e permitiram este ataque ao nosso «Janeiro», acredita que ainda haveria muitos com mais do que têm agora. Obrigada pela tua amizade e solidariedade. Estarás sempre connosco, mesmo que estejas fisicamente longe.

Anonymous said...

Estou convosco...a luta é de todos nós...

Cátia Alves da Silva

Unknown said...

Olá Natacha, muito estranhei este teu escrito. Nem sempre os que aparecem e falam...e falam...e falam...fazem alguma coisa de útil. Outros há, que remetidos a um estratégico silêncio estão na luta, sempre e sempre em nome de um gigante grupo.
Muito se tem dito e e escrito sobre os que, como eu, optaram por «armas» diferentes. Nem melhores nem piores, apenas diferentes. E Nós, também temos esse direito. Aquilo que uns chamam de união e depois despejam o seu fel em comentários acusatórios aos que procuram encontrar soluções para todos, eu chamo de alguma ingratidão. Refiro-me, claro, ao que andam por aí a escrever sobre a Directora, sim a minha irmã, que muito me honra. Todos os que tecem estes comentários pouco sérios deviam sim, ter a VERGONHA, que reclamas.
Natacha, foi bom ter trabalhado contigo. Os nossos almoços, as confidencias, a amizade...e é em nome de alguns anos de convivio são que tivemos que te deixo este comentário. Sim, todos os outros que tenho lido, e são muitos, e muito antigos,têm má origem. Desprezo é o que merecem. Mas tu não. Sempre gostei de ti, por isso, e sabendo que não pensas-te bem antes de escreveres o teu desabafo em relação à Directora, por isso, dizia, compreendo. Não aceito, mas compreendo. Os salários estão atrasados para todos, e os boatos que parecem circular, bem...boatos...já todos fomos vítimas deles, certo? E não é agradável.
Um beijo para ti, e para a Mariana...até um dia destes.

Maria José Guedes