Thursday, October 16, 2008

Crónica de jogo (ou não)

Como cidadã honesta e trabalhadora que sou, apenas pude ir para Braga depois de "despegar". Saí às sete em ponto, a minha amiga Lurdes fez o favor de me vir buscar e seguimos caminho. Tive direito a boleia, bilhete e merenda, além, sobretudo, da excelente companhia. O que podemos pedir mais?
... Uma vitória?...
Meia horita até Braga e eis se não quando, a bons quilómetros do estádio, trânsito parado. Pára e arranca durante cerca de uma hora. A possibilidade de conseguir estacionar o carro ou descobrir um parque parecia cada vez mais remota. Enfim, a escassos cinco ou dez do início do jogo, um golpe de sorte e a ajuda de um agente da PSP (!) levou-nos a pôr o carro num passeio onde já cabiam apenas mais dois.
Chego ao estádio e ouve-se o hino da Albânia. As bancadas têm muito pouca gente: ainda está tudo cá fora a tentar entrar. Para meu espanto, além de me deparar com a falta de indicações que me permitam descobrir por onde devo entrar, vejo que só uma porta está aberta para duas bancadas. Mandam-me para cima, para o outro lado; chego lá a cima, mandam-me para baixo, de regresso ao sítio onde estava. Já se cantou a Portuguesa, já começou o jogo. Agora, finalmente, abrem as portas todas para dar vazão às centenas de pessoas que ainda não conseguiram entrar.
Finalmente entro no estádio, mas um pouco mais à frente surge outra fila. Fujo, porque as dezenas de pessoas que estão ali pagaram o seu bilhete e estão num estádio em que a organização é zero, estão a ficar revoltadas. Vou para outra porta, nova fila - temos de meter o bilhete numa máquina que verifica a sua autenticidade. Sem ajudantes que acelerem o processo.
Depois de finalmente passar a máquina, descubro que estou num parque de estacionamento subterrâneo. Ou seja, há dezenas de pessoas a passar a pé e carros a passar ao mesmo tempo. Faz sentido.
21h00. Finalmente entro, o jogo já começou há quase 15 minutos. Só se vê gente em pé, a entrar, à procura do lugar, gente na bancada errada, gente no sector errado. Desde que cheguei às imediações do estádio vi pouquíssimas indicações de bancadas, sectores, estacionamento, o que fosse. Braga posso jurar-vos que nunca mais.
Quanto ao jogo, não me vou alongar, foi a merda que todos sabemos. Sim, continuo pé-frio mas, sobretudo, sim, foi uma vergonha. Há uma falta de vontade, de união, de espírito de sacrifício gritante. Tudo o que havia antes. E afinal não é assim tão fácil de conseguir.
Pelo meio, aparece o Macaco líder a perguntar se o lugar ao meu lado está ocupado. Não vinha de fogánte na mom, nem tão pouco com qualquer adereço alusivo à nossa Selecção. E claro que lhe disse que estava ocupado. Mesmo que não estivesse...
Chega o fim do jogo e aquele melão. Mas ainda há mais. Saímos do estádio razoavelmente bem, lá passámos pelo meio dos carros que abandonavam o parque de estacionamento, descemos o monte (é mesmo, a sério) e chegámos ao carro. O caos. A rua era a que dava acesso à outra bancada, com uma subida íngreme no final, centenas de pessoas a descer a pé, carros que não andam nem para um lado nem para outro, carros a sair de um parque, carros a sair dos passeios. E tudo parado. Desligámos o motor e estivemos ali uma boa meia hora. E perguntam vocês: e polícia? Havia lá vários, de facto, mas estavam de mãos nos bolsos a admirar a situação.
Cheguei a casa já passava da meia-noite. Irritada com a noite miserável da Selecção e incrédula com a situação terceiro-mundista que tinha acabado de viver. Futebol em Braga, nunca mais!

2 comments:

John River said...

Uma bela noite, sim senhora!

Unknown said...

Diz lá se não te divertes mais comigo ao domingo de manhã... Para o próximo vou pedalar e procurar esquecer estes desamores que a selecção despera em nós!